O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no domingo (21) à tarde que não vai concorrer à reeleição. A desistência era esperada, após aparições públicas constrangedoras e o choque com o atentado sofrido por seu rival, Donald Trump.
Esperada, mas talvez não para um domingão à tarde.
Ao menos não por um dos jornalistas mais experientes e longevos da CNN, Wolf Blitzer. Minutos antes de Biden publicar sua carta de desistência nas redes sociais, ele havia postado uma foto no X saboreando um coquetel.
Naturalmente, o veterano apresentador precisou se apresentar na firma para um plantão, o que fez a internet se divertir bastante com a situação.
Veja abaixo um tuíte que viralizou, com uma foto de Blitzer já na labuta.
O humor involuntário brilhou demais, inclusive. Blitzer estava tomando um coquetel feito em sua homenagem chamado Wolf Spritzer. Procurei no site do restaurante os ingredientes: Aperol, mezcal Montelobos, limão e cava.
E o nome do restaurante? El Presidente! Bom demais. Ao menos era em Washington mesmo, então deu para ele chegar rapidinho na redação da CNN.
Sei como Wolf Blitzer se sentiu, pois já aconteceu comigo
Jornalistas e bebidas alcoólicas não fazem uma combinação exatamente rara. Eu, por exemplo, já passei por uma situação similar à vivida por Wolf Blitzer.
Em novembro de 2012, eu era editor online dos portais Notícias do Dia e RIC Mais, em Florianópolis. Hoje, ambos estão integrados no portal ND Mais. Naquele mês, diversas cidades de Santa Catarina viveram dias de terror com ataques orquestrados por uma facção criminosa, supostamente em resposta a questões prisionais.
A principal forma que os criminosos usavam para tocar o terror era incendiar ônibus. Foram muitos veículos queimados naqueles dias. E um deles me fez voltar para a redação já perto da meia-noite.
Eu fazia justamente o turno das 14 às 22h no online. Acho que já era o quarto dia de ataques, por volta das 22h30, as coisas pareciam ter se acalmado, e então decidi fechar a lojinha por aquela noite.
Porém, tal qual Wolf Blitzer, cometi o erro de deixar minha localização pública. “Vou estar no Quebra-Gelo, qualquer coisa me liga que eu volto rapidinho”, informei à editora-chefe do jornal, Adriana Ferronato.
E qualquer coisa aconteceu: começaram a botar fogo em ônibus de novo. Eu já devia estar no terceiro copo de cerveja quando recebi o chamado para voltar. Infelizmente faltou o glamour de estar bebendo um drinque com o meu nome. Fica a dica para o Xuxu, proprietário até hoje do glorioso bar.
Mas então lá fui eu Morro da Cruz acima dirigindo (não façam isso, jovens) para voltar à labuta sem hora para terminar.
Medo e delírio no Morro do Cruz
Além de estar levemente inebriado, ainda havia a tensão da subida. Os bandidos ateavam fogo em ônibus principalmente em morros, para dificultar a ação policial. Àquela altura dos acontecimentos, inclusive, várias linhas haviam sido suspensas.
A solução encontrada pela facção criminosa foi incendiar carros. Minha situação, portanto, era longe da ideal. Nada aconteceu no caminho, porém.
Jornalistas do gabarito de Wolf Blitzer e Bruno Volpato são sóbrios, não importa o contexto. Assim, cheguei na redação e fiz meu trabalho, atualizando em tempo real a população catarinense em parceria com os repórteres do ND, que estavam fazendo o trabalho de verdade na rua.
Naqueles dias, fiz ainda um post no Laranjas que partia de uma premissa simples do humor, a inversão: era uma notícia sobre o tal grupo criminoso negando a existência do poder público.
Deu uma viralizada, mas ficou meio emocional e panfletário demais. O que salvou foi uma interpretação do post feita pelo saudoso chargista Frank Maia, que deu o tom certo. Veja abaixo:

Outra curiosidade daquela noite no Morro da Cruz foi que a rádio do nosso grupo jornalístico estava dando no ar as informações do site concorrente. Coisas do início da famigerada integração das redações. Fui lá avisar que, olha só, as nossas notícias estavam mais atualizadas.
E assim foi até lá pelas três horas da manhã. Desci o Morro da Cruz sem contratempos e fui dormir para trabalhar normalmente no dia seguinte. Devo ter ido no bar na noite seguinte de novo.
Wolf Blitzer: apresentador, tuiteiro e ator nas horas vagas
Além de viralizar nas redes sociais, Wolf Blitzer trabalha como apresentador e âncora da CNN, onde está desde 1990. O jornalista nasceu na Alemanha e é filho de judeus poloneses que sobrevieram aos campos de concentração.
E o nome dele é esse mesmo, embora pareça artístico. Por outro lado, ele faz alguns bicos de ator em super produções do cinema americano.
O papel é sempre ele próprio, naquelas cenas em que está acontecendo alguma catástrofe e aparece um giro de canais de televisão noticiando que o mundo está chegando ao fim.
A participação mais divertida é certamente essa abaixo, na abertura de Missão: Impossível – Efeito Fallout, filme de 2018 da franquia estrelada por Tom Cruise:
Por fim, Wolf Blitzer é um tuiteiro de mão cheia. Ao contrário de seus colegas, ele usa a rede social da maneira correta: só posta fotos de lazer e de algumas de suas coberturas, sem perder tempo com polêmicas.
No caso do Wolf Spritzer, ainda gerou diversão jornalística de primeira.
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