Fui ver o filme “A Substância” sem maiores informações, além de que era a retomada da carreira de Demi Moore. Sabia também que, nele, as pessoas podem ser substituídas por avatares mais jovens, com consequências terríveis.
No fim, era basicamente isso mesmo. A parte das consequências terríveis, porém, eu subestimei. Elas eram horrorosas, na verdade. Nojentas.
A meia hora final é, sem dúvidas, a pior experiência cinematográfica da minha vida. A melhor comparação que consigo fazer é que “A Substância” se trata de um versão live action do desenho “Happy Tree Friends”, sucesso da internet pré-redes sociais.
Se você não se lembra dessa série maravilhosa, veja o vídeo abaixo. E que sorte a sua, porque deve ser uma pessoa mentalmente saudável. Depois, continue lendo o post, que provavelmente terá spoilers do filme.
Sobre o filme “A Substância”
A premissa de “A Substância” é muito interessante, mas de boas intenções o inferno está cheio. Demi Moore vive uma estrela de TV que é dispensada aos 50 anos, para ser substituída em seu programa de ginástica por uma jovem.
Ela recebe uma oferta enigmática de uma substância que promete gerar um avatar mais jovem dela mesma, para que reviva seus dias de glória.
Mas há um aviso claro: “lembre-se que vocês são uma só”. Isso porque cada versão de Demi Moore vive independentemente por 7 dias, sem exceções, enquanto a outra hiberna. É claro que ia dar merda, senão não teria filme.
Mas pensa numa merda gigantesca.
A mensagem mais óbvia do filme é a pressão pelo corpo perfeito e pela beleza eterna da juventude, principalmente sobre as mulheres. Eu acho, porém, que a diretora e roteirista francesa Coralie Fargeat quis deixar uma advertência ainda mais importante: jovem é equivocado, não queira reviver seus supostos tempos de ouro, pois na realidade você só fazia bobagem.
Ou algo parecido, sob o formato de um filme artístico de duas horas e meia. Vá ver e tire suas próprias conclusões, se aguentar o final.
Assista ao trailer abaixo:
Sobre o desenho “Happy Tree Friends”
Há 25 anos, “Happy Tree Friends” estreava na internet em um site chamado Mondo Media e formava (ou apenas terminava de moldar) uma geração inteira de desajustados. A minha, no caso.
Confesso que não lembro se recebia os vídeos por e-mail ou se vi só no YouTube, que seria criado em 2005. É um sucesso da internet à lenha.
Cada episódio trazia bichinhos fofinhos em situações mundanas que rapidamente escalavam para uma carnificina, com desmembramentos, decapitações e mortes horríveis.
Tudo com muito bom humor, fofura e irreverência, é claro.
O paralelo com a personagem de Demi Moore em “A Substância” é que, quase sempre, as consequências terríveis vinham de atos dos quais os próprios bichinhos eram culpados. Decisões erradas levavam ao horror.
Assim como ter um humor perturbado é culpa inteiramente minha, que me expunha desde cedo a coisas doentias como “Happy Tree Friends”.
Quer dizer, é culpa da minha versão mais jovem.
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