“Aqui”: um filme que poderia ser meloso, mas que escolhe ser bem real

Assisti neste fim de semana ao filme “Aqui”, que reuniu Tom Hanks, Robin Wright e o diretor Robert Zemeckis 30 anos após o lançamento de “Forrest Gump”. O grande reencontro teve ainda o roteirista Eric Roth e o compositor Alan Silvestri, deixando de fora apenas Bubba e o tenente Dan.

O filme é apresentado inteiramente de um único ângulo, em sua maior parte dentro da sala de estar da família dos protagonistas. O tempo vai e volta, contando a história dos pais do personagem de Tom Hanks, do próprio casal Forrest e Jenny Richard e Margaret e de antigos moradores da casa, tudo a partir daquele único ponto de vista.

E conta a história também do local em si — o que inclui uma tribo indígena pré-colombiana, revolucionários da independência americana e… dinossauros. Tudo como se a câmera estivesse ali parada por milênios.

“Aqui” ainda usou uma tecnologia de rejuvenescimento e envelhecimento dos atores inovadora, com inteligência artificial em tempo real. O diretor e o elenco não precisaram esperar a pós-produção para ver o resultado: em questão de segundos podiam avaliar a atuação já com as aparências transformadas.

É realmente impressionante a evolução da tecnologia. Veja o trailer abaixo e, depois, se você ainda não é assinante, faça um teste grátis de 30 dias do Amazon Prime Video para ver o filme:

Sobre o que é o filme “Aqui”?

As idas e vindas no tempo, somadas a alguns personagens desnecessários, deixam “Aqui” meio confuso em alguns momentos. Por outro lado, a escolha dos produtores de não fazer um filme meloso para o espectador se sentir bem me surpreendeu, pois certamente seria um caminho bem fácil.

Vou meio que dar alguns spoilers a seguir, mas nesse filme não é algo com que você deveria se preocupar, ok? Então continue lendo, por gentileza.

“Aqui” é sobretudo uma história das escolhas e perdas da família Young. Embora ofereça alguns momentos de alegria e humor, o foco maior é em como eles (e nós, por tabela) lidam com tristeza, dor, frustração e arrependimento.

E como lidam, obviamente dado o tema do filme, com a inevitável passagem do tempo, agravada por estarem literalmente sempre no mesmo lugar.

As dores (reais) da vida adulta

O roteiro de Eric Roth, adaptado dos quadrinhos de mesmo nome de Richard McGuire, também acerta ao mostrar que os grandes momentos da vida pegam a gente de repente, mesmo que não venham de uma hora para outra.

Passamos a vida nos preparando e esperando os acontecimentos que nos definem como humanos, mas, quando eles chegam, não estamos prontos.

E com o passar do tempo, nos damos conta que a vasta maioria desses momentos envolve justamente tristeza, dor, frustração e arrependimento. A felicidade, por sua vez, muitas vezes está nas pequenas coisas, nas rotinas mundanas, nas brincadeiras com quem a gente ama, enfim, em tudo aquilo que não prestamos atenção e que não valorizamos como deveríamos.

Vou deixar o próprio McGuire formular melhor o que eu quero dizer:

Se você parar para pensar nisso, o agora se intensifica. Raramente estamos no momento, passamos a maior parte do tempo pensando no passado ou nos preocupando com o futuro. O agora é a única coisa que realmente existe.

Para completar, o casal protagonista precisa lidar com os sonhos e projetos que deixaram para trás em nome de um caminho de vida mais confortável. Uma escolha que todos nós fazemos, em um momento ou outro da vida. E que, quase sempre, volta para assombrar lá na frente na estrada.

Tom Hanks Robin Wright Forrest Gump Aqui

“Aqui” vai até o fim

O realismo que Robert Zemeckis buscou com uso da I.A. para tornar o elenco mais jovem e mais idoso de fato impressiona. Mas o choque de realidade mesmo está no retrato que o filme oferece da velhice de seus personagens principais. Todo tipo de sofrimento surge na tela.

E, de novo, é o que é. “Aqui” não se preocupa em florear nada, em oferecer conforto dizendo que tudo vai ficar bem. A gente sabe que não vai.

Porém, se a gente prestar atenção naquele subtexto que eu mencionei ali em cima e do qual o filme brevíssimos vislumbres, acaba saindo com uma lição legal: aproveitar intensamente e registrar na memória os pequenos momentos de felicidade. São eles que fazem tudo valer a pena.

A gente vai amar e sofrer, acertar e errar, ganhar e perder, tudo ao mesmo tempo. Talvez a gente precise ser mais meloso de vez em quando, afinal quem precisa ser realista o tempo todo?

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Comentários

Uma resposta para ““Aqui”: um filme que poderia ser meloso, mas que escolhe ser bem real”

  1. Avatar de Claudia Volpato Andrade
    Claudia Volpato Andrade

    Que lindo Bru❤️

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