Cá estou eu começando mais um blog. E um blog orgânico, quase analógico, neste mundão insuportavelmente digital. Um weblog, eu diria, remetendo ao termo original completo, cuja tradução seria um diário na rede.
Mas por que fazer um blog que não pretende vender nada em 2024?
A explicação está na seção Quem sou eu ali no topo da tela. Ali eu cito um blog que, se você me conhece há mais tempo, certamente já ouviu falar.
O Laranjas durou quase 10 anos e digo, sem medo de errar, que mudou a minha vida e é responsável direto pela minha carreira profissional. Não que ela seja grandes coisas ou liste grandes feitos, mas é o que eu tenho para mostrar.
Se você não conhece, clique ali no link no parágrafo anterior. Deleite-se com as fake news moleque, fake news raiz e fake news ingênuas produzidas até 2017. Muita coisa ali era factual, para usar o jargão jornalístico, então o velho blog serve até como um retrato de Floripa, do Brasil e do mundo nessa época.
Eu e meus comparsas o mantemos no ar justamente para mostrar que fomos muito bons na arte de fazer rir. Tá aí a capa dele, embalsamada e mumificada para manter eternamente uma aparência jovial, irreverente e iconoclasta.

Quem queria rir tinha que fazer rir
O Laranjas surgiu em uma conversa regada a arroz com feijão do R.U. noturno da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O objetivo era muito comum em estudantes de Jornalismo: aparecer.
Eu, Marcone e Rafa já seguíamos a cartilha de mostrar nosso trabalho, que é a raiz de qualquer trabalho criativo na internet, mesmo sem saber disso.
Quem quer ser visto, tem que aparecer. Quem quer rir, tem que fazer rir. Nada melhor então que criar um blog de humor e notícias falsas, com sátiras dos mais diversos estilos jornalísticos. Fazíamos reportagens, artigos opinativos, entrevistas e coberturas de eventos.
Era tudo mentira, mas assim a gente treinava para aprender a escrever. Eu sigo aprendendo até hoje, como você pode ver neste texto.
Surfamos muito bem a explosão de Florianópolis com destino de verão de luxo. A praia de Jurerê Internacional virou um polo de atração de endinheirados, mas não necessariamente famosos, e nós estávamos lá para sacanear.
E acabamos aparecendo. Construímos boas amizades com jornalistas locais e viralizamos alguns posts, na época boa em que era possível fazer isso organicamente no Facebook e no Twitter. Demos entrevistas para veículos locais, pautamos assessores desavisados e provocamos a ira de um vereador que acreditou que o espaço na areia das praias de Floripa passaria a ser cobrado.
Ainda teve o dia que fomos citados em uma coluna da Folha de São Paulo. Aquele dia foi louco: eu realmente achei que a fama havia chegado e que as propostas para sermos humoristas profissionais passariam a pipocar.
Não rolou. Acho que porque a colunista não botou o link para o site.
Mas, em meio a essa montanha-russa de emoções, mais gente legal escreveu no Laranjas. Amigos como o Cesar, o Thiago, o Nathan, a Yasmine e, principalmente, o Tomás, que tocou o blog comigo nos últimos anos, compunham a escalação.
Eu e o Tomás também escrevíamos a Coluna do Laranjas em um jornal local de Floripa, o Notícias do Dia. Primeiro ela foi diária, durante a inesquecível Copa do Mundo de 2014 no Brasil, e depois semanal, no caderno de esportes.

Mas só deu pra rir ou o Laranjas serviu pra alguma coisa?
Falando em Notícias do Dia, vale dizer que eu trabalhei por lá durante 5 anos. O Tomás e o Marcone também passaram por lá durante as suas carreiras. E eu só consegui esse emprego por causa do Laranjas.
O Alexandre Gonçalves, que fazia a gestão do conteúdo online do jornal e da afiliada da Record em Santa Catarina, era um grande fã do Laranjas e me levou para trabalhar com ele.
Então, além de fazer milhares de pessoas rirem, o que no fim era o mais importante, o nosso querido bloguinho ainda iniciou minha carreira jornalística.
E digo mais: quando migrei para outra carreira, fui contratado para dar um toque de leveza e humor para o maior blog de marketing do Brasil. As duas pessoas que me contrataram eram leitoras do Laranjas.
Tá vendo como mostrar o seu trabalho, mesmo que inicialmente sem ganhar ou vender nada, pode ser importante?
Eu sigo acreditando que compartilhar o que eu produzo é relevante tanto por motivos pessoais quanto profissionais. Gosto de dividir ideias com pessoas que conheço e que posso vir a conhecer nesse tal mundão digital. Se gerar uma nova virada de carreira, melhor ainda.
Se eu não postasse nada, aí sim que nada iria acontecer.
– Leia também:
Deixe um comentário