Mais um dia torcendo para crianças caírem de skate nas Olimpíadas, e tá tudo bem

O início da competição de Skate Park, nesta terça-feira (6), fez com que matássemos uma saudade: após dias de seca, todos torcemos novamente para que crianças caíssem de skate durante as Olimpíadas.

Sim, porque há pouco mais de uma semana, a medalha de bronze de Rayssa Leal no Skate Street Feminino coroou a união do povo brasileiro em frente à TV. Todos nós torcemos por um bom desempenho da brasileira, mas também para que suas adversárias, quase todas crianças, se esborrachassem durante a disputa.

Não tenha vergonha de admitir: eu, você e milhões de pessoas entre 30 e 99 anos ficamos muito satisfeitos a cada queda de meninas de 14 a 19 anos. Vale lembrar que Rayssa tem só 16 anos, e que tinha gente no resto do mundo também torcendo para ela se dar mal.

As Olimpíadas, afinal, representam o sonho do equilíbrio global.

Eu julgando as manobras das skatistas às 8 da manhã

>> Leia também aqui no blog: 3 pequenas e pretensiosas sugestões para melhorar as Olimpíadas

Torcemos para crianças caírem de skate, mas com segurança

É claro que a torcida pela queda das crianças de skate nas Olimpíadas era com muito fair play. Ninguém desejou lesões graves ou fraturas, era apenas uma questão esportiva, e não pessoal com as meninas.

Além disso, tenho absoluta certeza que o tombo mais leve sofrido pelas atletas mirins já teria me deixado inválido por alguns meses. Se você acompanha este blog, sabe que se eu tentasse só subir em um skate, sem nem me mover, sofreria uma lesão grave no joelho.

As skatistas, enquanto isso, se esborrachavam após deslizarem de um corrimão e saíam rindo e fazendo hang loose para a câmera. Tá tudo bem.

E vamos combinar que quedas nas brincadeiras sempre formaram caráter. Eu, por exemplo, nunca andei de skate e nunca sofri fraturas… Daí cresci e não dei em grandes coisas.

Durante as transmissões, nós ainda tínhamos o desafio de tentar entender o que estava acontecendo, mesmo com valorosos comentaristas explicando calmamente o nome das manobras. No fim eu captei que a pessoa é “goofy” se colocar o pé direito à frente e “regular” se colocar o esquerdo. E só.

Já os “trip flip back sclap stromp chomps streps” vão ter que ficar para Los Angeles 2028. Vou estudar até lá usando um caderno da Rayssa Leal.

Torcemos para Simone Biles cair, e tá tudo bem também

Nesse intervalo entre as competições do Skate, exercemos a função social da torcida pelas quedas nas provas de Ginástica Artística.

As incríveis meninas brasileiras, lideradas por Rebeca Andrade, entregaram tudo e mais um pouco. Mesmo assim, porém, a gente tava lá dando aquela agourada na Simone Biles e em adolescentes da Ásia e do Leste Europeu.

“Ah, mas a Rebeca e a Simone são amigas”, você pode dizer. Eu não ligo.

Mas ok, na Ginástica era um pouco mais tenso, afinal boa parte das manobras das atletas tinha o nome “mortal”. Assim, uma escorregadinha na trave ou um pezinho pra fora do tablado no solo já estava de bom tamanho.

Agora, nas traves assimétricas não, pelamor. Aliás, confirmando a tese de que são super humanas, a nossa Flavinha Saraiva caiu de cara desse equipamento no aquecimento e, minutos depois, já estava competindo para ajudar a garantir o bronze por equipes para o Brasil.

No dia seguinte, já maquiadíssima para esconder o olho roxo e o supercílio detonado, Flávia já estava na vibe humor e piadas:

Eu poderia dizer que, se fosse ela, ainda estaria internado e pedindo morfina, mas a verdade é que o meu joelho não deixaria eu dar nem uma estrela.

Mas você só torce para meninas e mulheres caírem?

Embora pareça, pelos exemplos citados, que a minha torcida foi apenas pela queda de meninas e mulheres, deixo claro que a secação em relação aos adversários do Brasil era ecumênica. Nada de distinção de gênero: que todos se desequilibrassem e perdessem pontos, sempre com segurança.

O fato é que não havia conflito moral em desejar o pior para os skatistas homens, por exemplo. Embora alguns também fossem adolescentes, eram em número bem menor e já se pareciam com o Chorão, do Charlie Brown Jr.

Confesso que me senti um pouco mal em relação ao surfe, já que a galera estava logo acima de uma barreira de corais. Teahupo’o, onde foram realizadas as provas, quer dizer “cabeça quebrada” ou “muro de caveiras” na língua local.

Ainda assim, estava disposto a sofrer com esse dilema moral e torcer por quedas e pranchas saindo voando. Porém, as ondas não apareceram para Gabriel Medina, infelizmente.

E depois, a arbitragem ainda derrubou Tati Weston-Webb nas notas, mas esse é o outro assunto.

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