Poucas coisas provocavam mais calafrios no viajante aéreo habitual que o piso inferior do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O salão apertado, lotado e com apenas um café meia-boca era a perfeita antessala (literalmente, no caso) da longa espera para a curta e desagradável viagem de ônibus até o avião.
Sim, de busão, pois finger em piso térreo de aeroporto só na inovadora Joinville mesmo, onde chove horrores em qualquer época do ano.
E se você é como eu e faz o trecho Congonhas-Florianópolis com regularidade, já sabe que há 95% de chances do seu portão ser designado por ali. Os outros 5% são só a margem de erro, obrigatória por preciosidade estatística.
A gente já se conforma previamente que sempre sai dali, do portão 14 para cima.
Mas agora os calafrios podem cessar. Quer dizer, quase, pois o passeio de ônibus continua sendo necessário. Fora isso, está tudo novo no salão de baixo, como constatei na mais pura surpresa na vinda mais recente a Floripa.

As aventuras no aeroporto de Congonhas
Meu voo estava marcado pela Gol para as 16h35 de uma segunda-feira, mas cheguei com boa antecedência. Dei uma olhada no painel e ele estava previsto para o portão 11, no andar superior. “Vai mudar pra baixo, claro”, pensei.
Comecei então o périplo de achar algum lugar para sentar e tomar um café. Costumo ir na Kopenhagen mesmo, apesar do espresso que já era ruim ter dado uma boa decaída nos últimos anos. As cadeiras de lá são as mais confortáveis. Quando estou me sentindo ousado, em geral em companhia da minha senhora, pedimos uma taça de vinho branco na Grand Cru. Não é barato, mas a taça vem geladinha e bem cheia.
Enfim, o andar de cima do embarque estava completamente lotado. Então lembrei que estavam ampliando o piso inferior na minha última viagem, e fui dar um bisu na tela de partidas. “Já devem ter trocado o portão para algum lá embaixo”, pensei. De fato, tinha ido para o 14. Então bora lá para baixo.
Chegando lá, uma tranquilidade absoluta. O espaço estava vazio a ponto de eu pensar em ir avisar as milhares de pessoas do andar de cima. Aliás, fica o toque para a nova administração do aeroporto, da Aena, que tem feito ótimas melhorias: avisar que o piso inferior recebeu benfeitorias.
Porque eu não fiz isso, obviamente. O pessoal do andar de cima que se dane.

Novas lanchonetes do piso inferior de Congonhas
Foi como se um novo mundo fosse sendo aberto aos poucos. Além da expansão dos portões de embarque e de mais cadeiras, que eu já tinha visto na ida anterior a Congonhas, agora eu podia desfrutar de uma nova praça de alimentação.
Enquanto lá em cima estava tudo cheio, em grande parte por causa de arrombados que não pedem nada nas lanchonetes e ficam usando o computador nas mesas, na parte de baixo estava tudo livre nas novas lojas de comidinhas.
E agora tem até uma farmácia, o que faz com que você não precise ir correndo naquela que tem antes do raio-x da bagagem, que dá medo de perder o voo.
Mas em se tratando de comida, a grande novidade é o meu fast-food preferido de São Paulo: uma franquia da La Guapa, marca de empanadas da Paola Carosella. Aproveitei para degustar a empanada Sertaneja, feita em parceria com o restaurante Mocotó, que leva carne seca na nata, requeijão do norte e pimenta biquinho. É o sabor especial de agosto.
O preço é um pouco mais salgado do que nas unidades normais, mas ainda mais barato que as empanadas genéricas dos outros quiosques de alimentação.
Outras novidades do não mais aterrorizante piso inferior de Congonhas são uma sorveteria da Havana, uma unidade do A Saideira (que até acho que a primeira foi em Floripa) e um Hot Dog Club, que vende cachorros-quentes maiores e menos gourmetizados que aquele Doog.
Veja no vídeo abaixo da Aena como ficou:
Os humilhados de Florianópolis serão exaltados
Como eu disse, todo voo que sai de Congonhas para Florianópolis é brindado com um portão no piso inferior. É uma experiência universal de sofrimento de todo mundo que faz esse trecho aéreo.
Por sinal, compartilhei uma foto da expansão em um story no meu Instagram e foi um festival de curtidas e comentários. “Aleluia”, “finalmente” e “ôrrax, aí sim, nego” foram algumas das reações da comunidade manezinha desterrada à minha cobertura jornalística.
Desde a época de ouro do Laranjas eu não me sentia tão prestigiado e importante enquanto repórter entre os meus conterrâneos.
Afinal, a informação era mesmo emocionante. Após anos sendo mandados para o andar de baixo, finalmente teremos mais espaço e conforto para pagar mais caro em comidinhas que não precisamos realmente comer.
O próximo passo é o ônibus, mas vamos um passo de cada vez.
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