Aquela vez que eu vi shows do Guns N’ Roses e do Oasis na mesma noite

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Vendo fotos e vídeos de amigos no show do Guns N’ Roses nesta semana em Florianópolis, e já na contagem regressiva para o show do Oasis em São Paulo no fim de novembro, não pude deixar de lembrar de quando vi as duas bandas ao vivo no mesmo dia.

Foi em janeiro de 2001. O local era a Cidade do Rock, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O evento era o Rock In Rio 3, que acontecia 10 anos após a edição anterior.

Eu tinha 18 anos recém-completados, e foi o meu primeiro grande show. Naquela época, o Rock in Rio era mais roots e não tinha tanto controle de público ou mesmo qualquer tipo de organização. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas estiveram por lá naquele dia.

Foi uma bela estreia no mundo dos concertos ao vivo.

Axl Rose e Liam Gallagher suam em bicas no verão carioca de 2001

>> Este post foi inspirado pelo blog Fui Naquele Show, no qual a amiga Rachel Sardinha conta histórias de shows em que ela foi.

Os números de abertura que eu perdi

Aquela tarde de verão carioca começou, no palco principal, com a banda mineira Pato Fu, seguida por Carlinhos Brown. Infelizmente, e digo isso por motivos diferentes, cheguei mais tarde e perdi os shows de ambos.

A apresentação do músico baiano ficou marcada pela chuva de garrafas que levou após resolver enfrentar o público hostil. Convenhamos que a sua escalação para um dia predominantemente roqueiro foi um vacilo de quem montou o line-up diário.

Se bem que Oasis e Guns N’ Roses em sequência também não têm nada a ver…

Minha chegada à Cidade do Rock coincidiu com o final da terceira atração da noite, um show conjunto de Ira! e Ultraje a Rigor. Se minha memória não me trai, ainda peguei eles tocando Should I stay or should I go, do Clash. 

Por outro lado, lamentavelmente cheguei a tempo de ver os músicos mostrando suas bundas para a plateia.

Em um palco alternativo, eu poderia ter visto os então iniciantes Los Hermanos, mas estava sem tempo, irmão. Uma pena apenas não ter testemunhado o show Sylvinho Blau Blau – ele simulou sexo no palco com um urso de pelúcia gigante, que depois se revelou ser o lendário roqueiro Serguei.

Por fim, a última das atrações que ignorei foi uma banda chamada Papa Roach, que até hoje não sei do que se trata. Diziam na época que tocou no palco principal por exigência de Axl Rose.

E então o Rock in Rio ignorou o Oasis

Como eu disse antes, um line-up com Oasis e Guns N’ Roses não fazia muito sentido. Ok, eram duas bandas que tiveram seus auges nos anos 90 e eram duas turminhas do barulho que aprontavam altas confusões, mas era basicamente isso que tinham em comum.

Os irmãos Gallagher nunca fizeram shows energéticos, e no Rock in Rio não se esforçaram nem um pouco para mudar essa percepção, em nenhum sentido. Sabiam que a maior parte do público estava lá por Axl Rose e sua trupe.

Eu fui um dos poucos que cantei todas as músicas. Curtia muito o disco ao vivo e DVD Familiar to Millions, que era justamente daquela turnê. As outras 199.999 pessoas, no entanto, só se empolgaram mesmo com as baladas Wonderwall, Don’t Look Back in Anger e Champagne Supernova

Mas, para alegria do fã aqui, ainda teve Supersonic, Live Forever, Aquiesce, Cigarettes and Alcohol e Rock n’ Roll Star, dedicada por Liam Gallagher a Axl Rose. Excelente setlist, diga-se de passagem.

Dá para ver a apresentação na íntegra abaixo:

>> Dica de livro: Britpop! Cool Britannia and the Spectacular Demise of English Rock, de John Harris

O retorno triunfal do Guns N’ Roses, ou melhor, de Axl Rose

Se você está acompanhando a turnê atual do Guns N’ Roses pelo Brasil, sabe que ela conta com, além de Axl Rose, os membros fundadores Slash e Duff McKagan.

Em 2001, porém, apenas o vocalista sobrava da formação clássica. Dono da marca, ele contratou músicos muito bons para acompanhá-lo em um retorno após praticamente sete anos de silêncio e mistério. 

Não havia internet naquela época, então se um artista e/ou celebridade quisesse sumir, isso era perfeitamente possível.

Estava todo mundo realmente curioso para saber como Axl reapareceria. E se você não comprasse revistas de música, não teria nem ideia de quem mais estava na banda. Eu confesso que não me lembro se eu sabia, pois tenho a memória de ter sido pego de surpresa pelas aparências alternativas dos guitarristas Buckethead e Robin Finck.

O show atrasou cerca de duas horas para começar. Deu tempo de eu, estreante em shows, ficar em pânico com um princípio de confusão entre torcidas do Vasco e do Flamengo, que atiravam entre si as garrafas que não haviam dedicado a Carlinhos Brown.

Lembre-se: naquela época eram 200 mil pessoas por dia no Rock In Rio, então não me julgue. Mas eu, minha irmã e meu cunhado recuamos um pouco para fugir da muvuca e ficou tudo bem. 

Do nada, depois das horas de atraso, os telões mostraram um desenho animado de Axl com uma enfermeira seminua, anunciando o retorno. E em seguida, as primeiras notas de Welcome to the Jungle. Vou colocar o vídeo abaixo para você ter uma noção de como era ver um show no começo do milênio, sem celulares e com centenas de milhares de pessoas pulando alucinadas e suando no calor senegalês do verão do Rio de Janeiro.

Discursos, bizarrices e um show espetacular

O show do Guns N’ Roses no Rock in Rio 3 foi baseado no disco de estreia da banda, Appetite for Destruction: foram executadas 10 das suas 12 músicas. Por outro lado, apenas 4 dos álbuns Use Your Illusion I e II entraram no setlist.

Eu lembro de ter ficado meio puto, porque naquela época gostava mais dos últimos que do Appetite. Porra, Axl, você podia ter tocado Don’t Cry, seu arrombado! Nada que uma performance brilhante de Sweet Child O’ Mine não tenha resolvido, porém.

Aliás, a performance inteira foi espetacular, como você pode ver no vídeo acima. Axl Rose estava em plena forma vocal, embora estivesse já no processo de deixar de ser o sex symbol que foi na transição dos anos 80 para os 90, enquanto seus músicos contratados eram todos excepcionais.

Teve espaço ainda para solos de seus guitarristas. Robin Finck fez uma inacreditável cover de Sossego, do Tim Maia, enquanto Buckethead se apresentou sozinho três vezes, sendo uma delas com… nunchakus ninja. Sim, tá ali no vídeo, procure.

Ah, e como eu falei, não tinha internet e informação fácil na época, então muita gente estava crente que Buckethead, que usava uma máscara e um balde do KFC na cabeça, era o Slash disfarçado.

Axl Rose ainda fez vários discursos, traduzidos por sua fiel escudeira e empresária brasileira Beta Lebeis. Foram ataques aos então ex-companheiros de banda, ao Oasis, aos críticos, à imprensa e a todo mundo que sempre irritou o lendário vocalista americano. Ele estava de volta!

No bis, o encerramento surreal: 10 minutos de uma escola de samba carioca seguidos de nada mais nada menos que Paradise City.

Mas a essa altura a gente já estava indo embora. Não sei se eu falei, mas eram 200 mil pessoas. Espero que você que foi no show em Floripa tenha curtido esse clássico por mim.

>> Dicas de livros: Guns N’ Roses: o último dos gigantes, de Mick Wall, e It’s So Easy: And Other Lies, de Duff McKagan

Oasis em novembro em São Paulo: eu vou

Em novembro verei o meu terceiro show do Oasis, mas será o primeiro em que estou com a expectativa de que seja memorável. Essa turnê de retorno é um banho de nostalgia, com um setlist baseado apenas em clássicos dois dois primeiros discos da banda, que são praticamente perfeitos.

O outro show dos ingleses que eu fui rolou em 2009, em Curitiba. Estava vazio e a vibe foi tão ruim que a banda quase acabou ali mesmo, dois meses antes de realmente romperem após uma briga, como conta esse post.

Inexplicavelmente, eu nunca mais fui a um show do Guns N’ Roses. Quando Axl Rose tocou com outra formação em Florianópolis, em 2014, eu me limitei a participar de uma conversa de boteco com outros amigos jornalistas (incluindo a Rachel que eu citei no começo deste post), que virou matéria do jornal ND.

O Guns vai tocar pela segunda vez em São Paulo desde que eu me mudei para cá, neste sábado, mas de novo eu não comprei ingresso. E olha que o Slash é um dos meus ídolos de juventude, mais até que o Noel Gallagher.

Bom, fica a memória daquela noite de verão no Rio de Janeiro, em 2001.

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Comentários

6 respostas para “Aquela vez que eu vi shows do Guns N’ Roses e do Oasis na mesma noite”

  1. Avatar de Ewerton Silva

    Skin lendária do Axl em Paradise City ❤️

    1. Avatar de Bruno Volpato

      Sim! Ele mete a bandana clássica no final do show! \m/

  2. Avatar de Cláudia Volpato Andrade
    Cláudia Volpato Andrade

    Lembro de mim quase chorando ao ouvir Paradise City já entrando na van.
    Mesmo com atraso de quase duas horas, chuva de garrafas de plástico e princípio de crise de pânico (socorro hahaha), foi realmente um show memorável! E o Axel seguia sim, bem “bonitinho” naquela época 😊

    1. Avatar de Bruno Volpato

      Pra mim foi realmente uma baita estreia no mundo dos shows! E acho que foi a primeira vez que foi para o Rio de Janeiro, ainda. 🙂

  3. Avatar de Flaubi

    Eu vi pela TV esse show do Guns por influência de uma tia que é muito fã e disse que era imperdível. Eu tinha acho que 13 anos nessa época. Lembro dessa história do Papa Roach também, achava que era alguma jogada de empresários/produtores, mas aparentemente ninguém quis admitir nada ainda.

    E o Oasis eu vi ao vivo na turnê de 2009 em Porto Alegre. Tenho um total de 0 registros digitais desse show porque na época eu não levava câmera e nem tinha celular que fazia fotos. Mas lembro de algumas coisas haha, incluindo que eles capricharam com várias do disco de trabalho da época (Dig out your soul, maravilhoso!).

    Anos mais tarde consegui ver também Beady Eye e shows solos do Liam e do Noel, mas nada comparado à banda completa. Bora pra mais um agora! BIBLICAL! LIVE FOREVER!

    1. Avatar de Bruno Volpato

      Estou entusiasmado porque será a primeira vez que verei ao vivo o mito, a lenda, o ícone BONEHEAD!

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