Sempre gostei muito de camisas de futebol. Tenho cerca de 50, mas há muito tempo não compro uma e só acompanho os lançamentos dos grandes times. A Seleção Brasileira também segue firme no meu menu de interesses pessoais, virando torcida apaixonada em períodos de Copa do Mundo e até, em escala bem menor, de Copa América.
A mistura dos dois temas acima hoje em dia gera controvérsia, mas para mim a camisa do Brasil é um ícone imune a momentos políticos. Ou deveria ser.
Isso porque o time que nos representa tem uma história enorme, com jogadores que o transformaram em sinônimo de futebol bonito e vitórias, muitas vitórias. Essa história é algo que meu cérebro teima em manter arquivada, combinando lembranças de resultados, craques, títulos e tragédias aos uniformes usados nessas ocasiões.
É por isso que eu fiquei bem contrariado pelo Endrick ter feito o seu primeiro de muitos gols pelo Brasil com essa camisa horrorosa abaixo.
A Nike errou muito na nova camisa reserva do Brasil. Esse padrão de ondas deixa o azul meio clarinho, que fica ainda mais confuso com esse verde indefinível da gola e da bainha das mangas.
Aliás, é verde? Se for, não é o da bandeira.
Os números, as letras e o logo da Nike amarelos também são inexplicáveis. Ok, a camisa da final da Copa de 1958 tinha números amarelos, mas o padrão foi branco até começarem a inventar moda na década de 2010.
Na Copa de 1994, por exemplo, Romário fez gols em 3 jogos com a belíssima camisa abaixo. Ela também tinha um padrão esquisito ao fundo, com as letras da Confederação Brasileira de Futebol, mas compensava nos outros detalhes. E como ter apenas azul e branco no uniforme todo funciona melhor!
Endrick merecia uma camisa melhor ao fazer história
Endrick certamente fará história na Seleção Brasileira. Já fez, aliás, marcando seu primeiro gol aos 17 anos, o mais jovem desde Ronaldo. E ainda foi no estádio de Wembley, em Londres, um verdadeiro templo do futebol. Ou seja: merecia muito estar com um manto mais respeitável.
Ronaldo também fez seu primeiro gol pelo Brasil em um baita estádio: na Ressacada, em Florianópolis, em 1994. Eu estava lá. Foi uma vitória de 3 a 0 sobre a Islândia, três dias após a morte de Ayrton Senna.
A camisa? A clássica amarela da Umbro que traria o Tetra em julho do mesmo ano. Elegantérrima e sem exageros.
Outro que usou uma camisa de respeito ao marcar seu primeiro gol pelo Brasil foi Ronaldinho. Em 1999, o então gremista assombrou o mundo com um golaço contra a Venezuela na Copa América do Paraguai.
Um lance tão surpreendente que gerou um dos bordões clássicos de Galvão Bueno: “olha o que ele fez, olha o que ele fez, olha o que ele fez“.
Ronaldinho envergava aquela que considero a camisa mais bonita feita até hoje pela Nike para a Seleção Brasileira: a da Copa do Mundo de 1998. Perdemos, sim, mas estávamos bem vestidos.
E para voltarmos a falar de modelos azuis, o Bruxo ainda fez um gol histórico com a camisa reserva. Foi na Copa de 2002, a da Penta, nas quartas-de-final contra a Inglaterra. Aquele gol de falta por cobertura!
Confira abaixo os trajes usados por Ronaldinho e constate que qualquer um deles vestiria melhor o novo futuro ídolo do Brasil.
Você deve ter reparado que a camisa do primeiro gol pela Seleção, tanto de Ronaldinho e Endrick, foi a 21. E que ambos os gols históricos foram contra a Inglaterra. Coincidência?
Sim, vamos com calma com o menino.
Ok, o que você sugere?
O fato é que o primeiro gol de Endrick pela Seleção Brasileira está feito e nada pode mudar o fato de que ele usou uma camisa horrorosa ao empurrar a bola para a rede em Wembley.
Meu objetivo com este post — e este blog — é apenas reclamar com mais propriedade do que seria possível em uma rede social, por exemplo. Não pretendo apresentar soluções para nada.
Tenho mais de duas décadas de internet e sei, por experiência própria, que não podemos fazer individualmente nada para influenciar algo que nos incomoda. Não, aquele seu reels que viralizou não vai derrubar um político, nem mesmo incomodá-lo. No máximo um assessor dele vai te bloquear no Twitter.
E nenhuma marca vai ligar para o que você diz. Contente-se com uma resposta automática com alguns emojis.
Portanto, de nada adianta eu sugerir à Nike que interrompa o padrão de camisas sem brilho e com estampas de fundo equivocadas para a Seleção, como a oncinha da Copa de 2022. Ou que pare com essa bobagem de números amarelos e cores esquisitas. Então, não vou fazer nada disso.
Resta-me torcer para que o Endrick tenha uma camisa decente ao fazer muitos gols na Copa de 2026. E na de 2030. E em 2034. Prometo até comprar uma camisa nova do Brasil, coisa que não faço desde 2006.
Ok, Nike? Resposta: 🇧🇷 👕⚽
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